Por:
Roberta Andrea de Oliveira
Este é o nosso 4º material
sobre o tema e esperamos contribuir para as suas reflexões frente a sua
atuação na promoção de saúde nas cidades. Você deve estar percebendo que não importa sua formação inicial, não importa em que
setor trabalha e não importa que função específica exerça. Ou seja, o
olhar para a saúde nas cidades é interdisciplinar e
necessita de muitos atores. E se pensarmos bem, todos temos o papel de educadores no que se refere a ambiente.
Nestes tempos em que a
informação assume um papel cada vez mais relevante, ciberespaço, multimídia,
internet e educação para a cidadania representam a possibilidade de motivar e
sensibilizar as pessoas para transformar as diversas formas de participação na
defesa da qualidade de vida. Nesse sentido cabe destacar que a educação
ambiental assume cada vez mais uma função transformadora, na qual a corresponsabilização
dos indivíduos torna-se um objetivo essencial para promover um novo tipo de
desenvolvimento – o desenvolvimento sustentável.
Entende-se, portanto, que a
educação ambiental é condição necessária para modificar um quadro de crescente
degradação socioambiental, mas ela ainda não é suficiente, se converte em “mais uma ferramenta de mediação necessária
entre culturas, comportamentos diferenciados e interesses de grupos sociais
para a construção das transformações desejadas” (Tamaio, 2000, p. 9). O educador tem a função de
mediador na construção de referenciais ambientais e deve saber usá-los como
instrumentos para o desenvolvimento de uma prática social centrada no conceito
da natureza. Você se sente um educador em atuação
em seu território de trabalho?
O conceito de desenvolvimento
sustentável surge para enfrentar a crise ecológica e está relacionada com a crítica ambientalista
ao modo de vida contemporâneo. Tem como pressuposto a existência de
sustentabilidade social, econômica e ecológica.
Estas dimensões explicitam a
necessidade de tornar compatível a melhoria nos
níveis e qualidade de vida com a preservação ambiental. Surge para dar
uma resposta à necessidade de harmonizar os processos ambientais com os
socioeconômicos, maximizando a produção dos ecossistemas para favorecer as
necessidades humanas presentes e futuras. A maior virtude dessa abordagem é
que, além da incorporação definitiva dos aspectos ecológicos no plano teórico,
ela enfatiza a necessidade de inverter a tendência autodestrutiva dos processos
de desenvolvimento no seu abuso contra a natureza (Jacobi, 1997).
A tarefa de
encontrar soluções mediatas e imediatas para o mal-estar urbano não deve estar
localizada apenas nas mãos de planejadores e do estado, mas sim corrigido com a
participação e fiscalização de amplos setores e sujeitos envolvidos no processo
de construção social do espaço urbano. Dessa forma, reunir amplos e complexos
setores da sociedade com interesses opostos exigirá lutar com interesses gerais
e particulares.
Para as elites
econômicas, as habitações necessitam ser autossuficientes, precisam estar fora
do mundo que a industrialização criou. A “segurança” é pensada para que o
“mundo marginal” não penetre no seu espaço; portanto, no seu mundo.
A arquitetura,
aos olhares do senso comum apenas concreto e beleza plástica ou feiura
estética, o modelo e as construções, as ruas como estão alinhadas, as moradias
onde estão localizadas e quem nelas habita, muito mais do que a aparência pode
revelar, serve a um propósito que afirma o sistema político que a cidade e seus
habitantes acolhem.
Concretamente,
a ocupação urbana desordenada, a industrialização, as novas introduções
tecnológicas, fruto da radicalização do capitalismo (reestruturação produtiva
do capital), visando ao lucro e não ao bem-estar do homem, destroem relações
culturais e sociais solidárias.
Outra face
desse debate que deve ser colocada é o entendimento que se tem de planejamento
para as cidades; razão pela qual, a incógnita permanece: como melhoraremos a vida nas cidades?
Imediatamente pensamos apenas no econômico, pura e simplesmente, ou melhor,
pensamos em modelos já em fase de superação, como a industrialização urbana
moderna que separa o homem e a natureza, sem amparo das dimensões transversais
das necessidades humanas. O homem é natureza, compreendida a relação filosófica
que a afirmação encerra e ao mesmo tempo entendida a racionalidade que
diferencia seres vivos.
Portanto, o
“planejamento” das cidades deve levar em conta o meio ambiente como parte
inseparável do planejamento
sócio-econômico-cultural e histórico. É isso que se pretende que sejam
as Conferências que se propõem a discutir sobre as cidades: a justa medida do
debate com os conflitos sociais que emanam de um sistema social de desigualdades.
A
gestão urbana deve diminuir as desigualdades através de uma maior participação
popular e melhor distribuição de renda, desse modo, devem-se inserir no
debate aqueles que sempre estiveram longe das mesas de planejamentos e
execuções das políticas públicas: o povo e
as entidades da sociedade civil organizada,
através de uma gestão legitimamente democrática.
Você que nos lê, se sente capaz para estimular este
senso de participação na população de seu território? E se eles já participam,
isso ocorre democraticamente?
O conceito de gestão urbana
expressado aqui não tem intimidade com o mesmo conceito mercadológico da vida
urbana expressado na concepção de planejadores urbanos que trataram prefeitos
como gerentes de uma grande empresa.
Não há como
não reconhecer a importância do planejamento urbano para permitir que haja uma cidade mais humana, e que seja numa sociedade que preze pelas relações democráticas e iguais
em direitos.
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destes locais?
Cidade, Mobilidade e Urbanização:
Planejamento e Saúde #4 - Cidadania e Sustentabilidade nas Cidades - Qualidade
de Vida
Bibliografia:
LIMONAD, Ester (2013).
JACOBI,
Pedro (2003).
TAMAIO, Irineu (2000).
TAMAIO, Irineu (2000).