Por: Roberta Andrea de Oliveira
Foto: Caio Miranda |
Você que acompanhou o 1º assunto sobre Atores das Cidades
e que, provavelmente, trabalha com grupos sociais excluídos, precisa conhecer
um pouco sobre a Mobilidade.
Mobilidade é
o grande desafio das cidades contemporâneas, em todas as partes do mundo. A
opção pelo automóvel - que parecia ser a resposta eficiente do século 20 à
necessidade de circulação - levou à paralisia do trânsito, com desperdício de
tempo e combustível, além dos problemas ambientais de poluição atmosférica e de
ocupação do espaço público. Você
sabia que no Brasil, a frota de automóveis e motocicletas teve crescimento de
até 400% nos últimos dez anos?
Mobilidade urbana sustentável envolve a implantação de sistemas sobre trilhos, como
metrôs, trens e bondes modernos (VLTs), ônibus "limpos", com
integração a ciclovias, esteiras rolantes, elevadores de grande capacidade. E
soluções inovadoras, como os teleféricos de Medellin (Colômbia), ou sistemas de
bicicletas públicas, como os implantados em Copenhague, Paris, Barcelona,
Bogotá, Boston e várias outras cidades mundiais.
Por
fim, a mobilidade urbana também demanda calçadas confortáveis, niveladas, sem
buracos e obstáculos, porque um terço das viagens realizadas nas cidades
brasileiras é feita a pé ou em cadeiras de rodas.
Somente
a requalificação dos transportes públicos poderá reduzir o ronco dos motores e
permitir que as ruas deixem de ser "vias" de passagem e voltem a ser
locais de convivência.
A mobilidade urbana refere-se às condições de deslocamento da
população no espaço geográfico das cidades e é preciso lembrar que a qualidade
e o tempo deste deslocamento interferem diretamente sobre a saúde da população. O termo é geralmente empregado para
referir-se ao trânsito de veículos e também de pedestres, seja através do
transporte individual (carros, motos, etc.), seja através do uso de transportes
coletivos (ônibus, metrôs, etc.).
Nos
últimos anos, o debate sobre a mobilidade urbana no Brasil vem se acirrando
cada vez mais, haja vista que a maior parte das grandes
cidades do país vem encontrando dificuldades em desenvolver meios para diminuir
a quantidade de congestionamentos ao longo do dia e o excesso de pedestres em
áreas centrais dos espaços urbanos. Trata-se, também, de uma questão ambiental, pois o
excesso de veículos nas ruas gera mais poluição, interferindo em problemas
naturais e climáticos em larga escala e também nas próprias cidades, a exemplo
do aumento do problema das ilhas de calor.
A
principal causa dos problemas de mobilidade urbana no Brasil relaciona-se ao
aumento do uso de transportes individuais em detrimento da utilização de
transportes coletivos, embora esses últimos também encontrem dificuldades com a
superlotação. Esse aumento do uso de veículos como carros e motos deve-se:
- à má qualidade do transporte público no Brasil;
- ao aumento da renda média do brasileiro nos últimos anos;
- à redução de impostos por parte do Governo Federal sobre produtos industrializados (o que inclui os carros);
- à concessão de mais crédito ao consumidor;
- à herança histórica da política rodoviarista do país.
Entre
as principais soluções para o problema da mobilidade urbana, na visão de muitos
especialistas, seria o estímulo aos transportes coletivos públicos, através da
melhoria de suas qualidades e eficiências e do desenvolvimento de um trânsito
focado na circulação desses veículos. Além disso, o incentivo à utilização de
bicicletas, principalmente com a construção de ciclovias e ciclofaixas, também
pode ser uma saída a ser mais bem trabalhada.
Outra
questão referente à mobilidade urbana que precisa ser resolvida é o tempo
de deslocamento,
que vem aumentando não só pelos excessivos congestionamentos e trânsito lento
nas ruas das cidades, mas também pelo crescimento desordenado delas, com o
avanço da especulação imobiliária e a expansão das áreas periféricas, o que
contrasta com o excessivo número de lotes vagos existentes. Se
as cidades fossem mais compactas, os deslocamentos com veículos seriam mais
rápidos e menos frequentes.
Muitas
outras soluções, além do incentivo aos transportes de massa e ao uso de
bicicletas, são mencionadas por especialistas em Urbanismo e Geografia Urbana.
Uma proposta seria a adoção dos chamados “rodízios”, o que já é empregado em
várias cidades, tais como São Paulo. Outra ideia é a adoção dos pedágios
urbanos, o que faria com que as pessoas utilizassem, em tese, menos os veículos
para deslocamentos.
Outra
proposta é a diversificação dos modais de transporte. Ao longo do século XX, o
Brasil foi essencialmente rodoviarista, em detrimento do uso de trens, metrôs e
outros. A ideia é investir mais nesses modos alternativos, o que pode atenuar
os excessivos números de veículos transitando nas ruas das grandes cidades do
país.
De
toda forma, é preciso ampliar os debates, regulamentando ações públicas para o
interesse da questão, tais como a difusão dos fóruns de mobilidade urbana e a
melhoria do Estatuto das Cidades, com ênfase na melhoria da qualidade e da
eficiência dos deslocamentos por parte das populações. Você,
possivelmente um gestor ou gestora que atua direta ou indiretamente sobre a
qualidade da saúde nas cidades, como vem desenvolvendo estratégias neste
sentido? Como vem atuando no que se refere a mobilidade?
Complemente suas reflexões com o vídeo abaixo e aproveite para se inscrever em nosso canal do Youtube para não perder os próximos:
Cidade, Mobilidade e Urbanização: Planejamento e Saúde #2 - Mobilidade Urbana e Humana
Bibliografia:
Rolnik e Klintow (2011)