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terça-feira, 7 de junho de 2016

Cidade, Mobilidade e Urbanização: Planejamento e Saúde #2 - Mobilidade Urbana e Humana

Por: Roberta Andrea de Oliveira

Foto: Caio Miranda
Dando sequência aos nossos textos e vídeos sobre o tema “Cidade, Mobilidade e Urbanização: Planejamento e Saúde”, hoje, com nosso 2º assunto, vamos tratar da Mobilidade Urbana e Humana.
Você que acompanhou o 1º assunto sobre Atores das Cidades e que, provavelmente, trabalha com grupos sociais excluídos, precisa conhecer um pouco sobre a Mobilidade.
Mobilidade é o grande desafio das cidades contemporâneas, em todas as partes do mundo. A opção pelo automóvel - que parecia ser a resposta eficiente do século 20 à necessidade de circulação - levou à paralisia do trânsito, com desperdício de tempo e combustível, além dos problemas ambientais de poluição atmosférica e de ocupação do espaço público. Você sabia que no Brasil, a frota de automóveis e motocicletas teve crescimento de até 400% nos últimos dez anos?
Mobilidade urbana sustentável envolve a implantação de sistemas sobre trilhos, como metrôs, trens e bondes modernos (VLTs), ônibus "limpos", com integração a ciclovias, esteiras rolantes, elevadores de grande capacidade. E soluções inovadoras, como os teleféricos de Medellin (Colômbia), ou sistemas de bicicletas públicas, como os implantados em Copenhague, Paris, Barcelona, Bogotá, Boston e várias outras cidades mundiais.
Por fim, a mobilidade urbana também demanda calçadas confortáveis, niveladas, sem buracos e obstáculos, porque um terço das viagens realizadas nas cidades brasileiras é feita a pé ou em cadeiras de rodas.
Somente a requalificação dos transportes públicos poderá reduzir o ronco dos motores e permitir que as ruas deixem de ser "vias" de passagem e voltem a ser locais de convivência.
A mobilidade urbana refere-se às condições de deslocamento da população no espaço geográfico das cidades e é preciso lembrar que a qualidade e o tempo deste deslocamento interferem diretamente sobre a saúde da população. O termo é geralmente empregado para referir-se ao trânsito de veículos e também de pedestres, seja através do transporte individual (carros, motos, etc.), seja através do uso de transportes coletivos (ônibus, metrôs, etc.).
Nos últimos anos, o debate sobre a mobilidade urbana no Brasil vem se acirrando cada vez mais, haja vista que a maior parte das grandes cidades do país vem encontrando dificuldades em desenvolver meios para diminuir a quantidade de congestionamentos ao longo do dia e o excesso de pedestres em áreas centrais dos espaços urbanos. Trata-se, também, de uma questão ambiental, pois o excesso de veículos nas ruas gera mais poluição, interferindo em problemas naturais e climáticos em larga escala e também nas próprias cidades, a exemplo do aumento do problema das ilhas de calor.
A principal causa dos problemas de mobilidade urbana no Brasil relaciona-se ao aumento do uso de transportes individuais em detrimento da utilização de transportes coletivos, embora esses últimos também encontrem dificuldades com a superlotação. Esse aumento do uso de veículos como carros e motos deve-se:

  • à má qualidade do transporte público no Brasil;
  • ao aumento da renda média do brasileiro nos últimos anos;
  • à redução de impostos por parte do Governo Federal sobre produtos industrializados (o que inclui os carros);
  • à concessão de mais crédito ao consumidor;
  • à herança histórica da política rodoviarista do país.



Entre as principais soluções para o problema da mobilidade urbana, na visão de muitos especialistas, seria o estímulo aos transportes coletivos públicos, através da melhoria de suas qualidades e eficiências e do desenvolvimento de um trânsito focado na circulação desses veículos. Além disso, o incentivo à utilização de bicicletas, principalmente com a construção de ciclovias e ciclofaixas, também pode ser uma saída a ser mais bem trabalhada.
Outra questão referente à mobilidade urbana que precisa ser resolvida é o tempo de deslocamento, que vem aumentando não só pelos excessivos congestionamentos e trânsito lento nas ruas das cidades, mas também pelo crescimento desordenado delas, com o avanço da especulação imobiliária e a expansão das áreas periféricas, o que contrasta com o excessivo número de lotes vagos existentes. Se as cidades fossem mais compactas, os deslocamentos com veículos seriam mais rápidos e menos frequentes.
Muitas outras soluções, além do incentivo aos transportes de massa e ao uso de bicicletas, são mencionadas por especialistas em Urbanismo e Geografia Urbana. Uma proposta seria a adoção dos chamados “rodízios”, o que já é empregado em várias cidades, tais como São Paulo. Outra ideia é a adoção dos pedágios urbanos, o que faria com que as pessoas utilizassem, em tese, menos os veículos para deslocamentos.
Outra proposta é a diversificação dos modais de transporte. Ao longo do século XX, o Brasil foi essencialmente rodoviarista, em detrimento do uso de trens, metrôs e outros. A ideia é investir mais nesses modos alternativos, o que pode atenuar os excessivos números de veículos transitando nas ruas das grandes cidades do país.
De toda forma, é preciso ampliar os debates, regulamentando ações públicas para o interesse da questão, tais como a difusão dos fóruns de mobilidade urbana e a melhoria do Estatuto das Cidades, com ênfase na melhoria da qualidade e da eficiência dos deslocamentos por parte das populações. Você, possivelmente um gestor ou gestora que atua direta ou indiretamente sobre a qualidade da saúde nas cidades, como vem desenvolvendo estratégias neste sentido? Como vem atuando no que se refere a mobilidade?
Complemente suas reflexões com o vídeo abaixo e aproveite para se inscrever em nosso canal do Youtube para não perder os próximos:

Cidade, Mobilidade e Urbanização: Planejamento e Saúde #2 - Mobilidade Urbana e Humana


Bibliografia:
Rolnik e Klintow (2011)