Vivemos hoje uma realidade que não foi à prometida pelos
nossos pais. Somos de uma época em que os ensinamentos de nossos pais
voltavam-se para nos motivar em relação aos estudos, pois pessoas graduadas são
aquelas que, por merecimento, dedicação e capacitação, teriam no futuro uma boa
colocação profissional. A equação era simples: quem não estuda tem dificuldade
para encontrar um “bom” emprego e só terá chances de atuar em serviços
operacionais. Quem estuda vai ter uma carreira e um bom salário.
Pois bem, sabemos que hoje isso não é verdade. Temos vários
jovens recém graduados desempregados, pois todas as áreas estão, de certo modo,
saturadas. Basta ver o mar de pessoas na porta de uma instituição, em um
domingo de concurso, prontos para entrar e começar a prova que pode mudar suas
vidas.
Mesmo aquelas pessoas que, após vários anos de desemprego,
ou fazendo outras atividades que não gostam apenas para sobreviver, entram para
área, ainda assim não recebem um salário digno de reconhecimento pelo
investimento que fizeram durante todo tempo de estudos, entre graduação, pós
graduação e cursos. São salários péssimos e que não acompanham a carreira das
pessoas nas instituições. Menos qualificados e mais qualificados recebem o
mesmo salário, pois para a instituição isso não faz nenhuma diferença. Até
porque se alguém insatisfeito quiser se demitir, haverá centenas na porta
aceitando o trabalho.
Diante desta realidade, temos a necessidade de empreender.
De ter novas ideias, encontrar soluções, sermos autônomos, arriscar a abrir empresas
e encontrar novas formas de reconhecimento e satisfação em nossas carreiras.
Mas, empreender não é coisa simples, requer um raciocínio de
um pesquisador: aquele que vê uma situação problema, que diagnostica a situação,
que propõe uma boa ação, que planeja, que se embasa com teorias e informações,
que coloca em prática e que analisa e avalia os resultados.
Estes passos deveriam ser conhecidos por todos nós, pois na
realidade pesquisar e estudar são a mesma coisa. Daí vem o porquê o brasileiro
tem tanta dificuldade em empreender (uma demanda atual diante da realidade que
vivemos). Nossa educação não prepara o jovem para ser um pesquisador, para
encontrar respostas, para criar alternativas, enfim, empreender. Nossa educação
propõe ao aluno que ele seja controlado, dominado, sem capacidade de escolha,
passivo e simplesmente copiador e reprodutor de conteúdos transmitidos sem
nenhuma significação para ele. Sim, ainda é assim, acreditem!
Estamos em um momento crítico. Não existem mais lugares
prontos para todos. Temos agora que criar estes lugares. No entanto, não sabemos
criar. Quantos de nós sobreviveremos a estas transformações?