Como professora de ensino
superior, impossível não estar em contato com o Ensino à Distância. As
faculdades, de modo geral, públicas ou privadas, investem, atualmente, de modo crescente
na modalidade EAD.
No início, sobre os discursos
acerca deste tipo de ensino, imperava a narrativa preconceituosa de que somente
alunos desinteressados iriam ser atraídos. Que esta modalidade estaria a favor
daqueles preguiçosos que querem fazer pouco para receber o título.
Muita coisa evoluiu desde o
início dos cursos EAD. A Educação e as práticas pedagógicas, ainda hoje travadas,
sem criatividade e dinamismo, transportaram seu jeito pouco eficiente de ser
para o EAD. O Ensino à Distância tornou-se a reprodução digital do ensino
presencial “chato”. Telas após telas que nos faziam questionar: por que então
não ler direto de um livro?
Sempre achei que profissionais
voltados para a Tecnologia, Informação e Comunicação, eram, pelo menos
aparentemente, muito ativos, energizados e com uma vontade de empreender
diferente de outros profissionais.
Na última sexta, este meu
pensamento se confirmou. Estive em uma reunião para alinhamento das diretrizes
dos cursos EAD em uma das universidades que atuo, juntamente com estes
profissionais. Participaram também professores de áreas diferentes e com
diferentes formas de atuação em sala.
A reunião foi simplesmente
sensacional. Um especialista em Tecnologia da Informação voltado para a
Educação Instrucional, e que não era só isso: também mestre e doutorando em
Educação, apresentou sua mais nova criação, um modelo totalmente diferente de
EAD, que privilegia a produção do aluno “apenas” mediada pelo professor (o que
não significa desvalorização).
Cabelos arrepiados, olhos
arregalados!!! Professores perplexos... Não sei fazer isso!
Pensei: o que você não sabe fazer? Tornar os alunos protagonistas de sua própria aprendizagem?
Simplesmente, a apresentação que
vi ali, era tudo que deveria ser feito em sala de aula presencial. Os
professores desesperados por terem sido soterrados em uma avalanche de ferramentas,
uma mais incrível que outra, em termos de criatividade, demonstravam suas
preocupações diante do manuseio de tais possibilidades, mesmo com tantos
técnicos totalmente dispostos e disponíveis para a nossa orientação. E eu ali:
refletindo e desconstruindo minha própria forma de ser em sala. Quem são os
preguiçosos: os alunos ou os professores?
A tecnologia não permite a não
criação. Diante daquele infinito de possibilidades, fazer aulas EAD como se
fossem “slides”, anula completamente a existência das ferramentas.
Minha hipótese é de que com a (r)evolução
que viveremos daqui para frente, nesta área, se os professores ainda não
aprenderam a dar aulas instigantes, agora irão aprender por livre e espontânea
pressão. Não terão como escapar.
Naquilo que pude observar quanto às
inovações do Ensino à Distância, ninguém desinteressado sobreviverá: nem aluno,
nem professor.
E, salve-se quem puder!