Quando penso
em comunicação, penso em conteúdo (aquilo que é comunicado), mas também penso
em jeito de comunicar.
Nunca
acreditei que o simples fato de um professor ser um profundo conhecedor do tema
que trabalha o tornaria um bom educador.
Sempre fui
daquelas alunas que se adéqua bem a qualquer tipo de professor. O jeito do
professor nunca me impediu de seguir em frente com o melhor de mim. A didática
do professor nunca foi uma coisa crucial para minha motivação.
Tive
professores de todos os tipos: incompetentes (que ficavam lendo jornal na sala
de aula ao invés de dar a aula); preconceituosos (que falavam mal de pobres,
gays, lésbicas, negros, etc, em sala de aula, sem nenhum receio); cheios de
graça (que adoravam fazer piadinhas com os alunos e nem percebiam que estavam
sendo ofensivos); peruas (daquelas que só davam aula e notas boas para os
meninos); garanhões (o oposto das peruas); ruins mesmo (que não sabiam do que
falavam); depressivos (que davam aula dizendo que o melhor mesmo era estar em
casa tomando um vinho); entre outros tipos.
O fato é que
algo em mim me permitia perceber estas variações da espécie e realmente, nada
disso me tirou do caminho.
Porém, nem
todos são assim. Uma grande parte dos alunos vê em seus professores um modelo a
ser seguido. Ou seja, se eles não mostram dar importância para o que fazem, por
que eu daria importância para estudar? Se eles não acham importante dar boas
aulas, por que eu deveria acreditar que é importante estudar?
Isso traz graves consequências para o futuro dos alunos, pois a tendência não é a de
atravessar este obstáculo que se apresenta em sua frente. Não é o de ser um estudante
autônomo, independente e autodidata.
Você educador
pode parar um instante e refletir sobre sua forma de se comunicar com seus
alunos e fazer uma auto-avaliação de como vem sendo sua prática:
- Você costuma refletir sobre sua própria prática a fim de modificá-la, se necessário?
- Você tem uma forma própria de trabalhar ou costuma seguir receitas e fórmulas desenvolvidas por outros?
- Você é humilde e flexível?
- Mesmo sendo um professor, você se sente um aprendiz?
- Você é aberto ao novo ou tem medo de errar?
- Além de levar o conteúdo a seus alunos, você coopera emocionalmente com eles?
- Você costuma desafiar seus alunos apresentando desequilíbrios a serem resolvidos ou oferece soluções prontas?
- Você valoriza a cultura e os valores éticos de seus alunos?
- Quando você disponibiliza seu e-mail a seus alunos, você responde quando escrevem ou prioriza outras mensagens que chegam a você?
- Quando um aluno te procura para conversar algo você fala com ele olhando nos olhos?
- Quando um aluno deseja conversar contigo você só ouve ou escuta? Você dá o tempo necessário para o aluno se expressar?
Agora, que tal pensar sobre quando você foi aluno?
- Qual é o tipo do meu professor inesquecível?
- Quais são minhas boas recordações escolares?
- O que eu gostaria de esquecer em relação à minha vida escolar?
- Como era a relação dos meus professores comigo?
- Como era a relação dos meus professores com meus colegas de sala?
Faça uma análise de suas respostas e pense: por que escolheu ser
professor?
O professor bem sucedido é que aquele que se importa com seus alunos e
que não economiza recursos de comunicação verbal ou não verbal para demonstrar
atenção, compreensão e respeito. Isso porque a base do trabalho como educador é
a relação humana. Somente com uma comunicação efetiva é que o professor poderá
auxiliar o aluno a identificar suas dificuldades e a enfrentá-los como
participante ativo do seu desenvolvimento como estudante e sujeito.